Decifrando...

Arquitetura. A arte em forma física. Movimentos simples, brutalidade, beleza, formas e cores. Os detalhes mais complexos. Um lápis, um papel, uma mente e transformamos o mundo. Aplicamos beleza onde não tinha, colocamos formas incríveis e deixamos o visitante boquiaberto, surpreendido, tentando entender, decifrar, a magnitude à sua frente. Mas de onde vem a inspiração para tanta beleza? Simples, pergunte à um arquiteto apaixonado pelo que faz, e ele lhe dirá.

As meninas da arqui.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Racionalismo Italiano



Giuseppe Terragni

O racionalismo italiano foi um movimento arquitetônico que aconteceu de 1926 a 1943, pretendendo conjugar de uma forma racional e original as características nacionais do Classicismo italiano com a lógica estrutural (a máquina e a indústria) herdada do futurismo, antes da Primeira Guerra Mundial. Este movimento arquitetônico nasce da síntese de conceitos diferentes. Por um lado, presta-se homenagem à recente corrente Novecento clássico, liderada por Giovanni Muzio e, por outro, à figura tutelar de Le Corbusier (e a dinâmica das formas industriais). A 1ª fase racionalista (1926-1930) agrega influências corbusianas e alemãs, vinculando-as à situação política da Itália no sentido de recuperação da identidade nacional e do clássico. Mas, diferentemente da ideologia fascista, o racionalismo não pretendia um retorno ao clássico, mas um resgate de seu espírito. O movimento, repudiado pelos arquitetos mais conservadores, agrupados em torno da União Nacional dos Arquitetos, liderada por Marcello Piacentini, de tendências clássicas, estabelecerá a polêmica quando o crítico de arte Pietro Maria Bardi, que tenta convencer Mussolini com o panfleto "Relato a Mussolini sobre a arquitetura", de que o racionalismo italiano é o único movimento arquitetônico capaz de cumprir na arquitetura a ideologia fascista.  A União Nacional dos Arquitetos, entretanto, condenará o racionalismo, afirmando que esta arquitetura em nada refletia o ideal fascista. Piacentini aproveita a ocasião para se afirmar como o paladino daquilo que deveria ser esta tão discutida arquitetura fascista, estabelecendo o Stile Littorio (Estilo lictório). Com nove arquitetos sob as suas ordens, Piacentini estabelece na "renovada" Universidade de Roma um estilo fascista oficial, rígido nas soluções arquitetônicas que propunha. Algumas das obras criadas por este grupo, à margem dos racionalistas assumidos, mostram, no entanto, afinidades com este movimento desautorizado, como se verifica com Gio Ponti (Escola de Matemática) e Giovanni Michelucci (edifício de Mineralogia). A qualidade das obras produzidas no âmbito do movimento parece declinar em meados da década de 1930. Terragni é uma exceção, mas não a única. Edoardo Persico e Marcello Nizzoli, em 1934, apresentam a sua sala Medaglia d'Oro, na primeira Exposição Aeronáutica Italiana, constituída por uma malha reticulada tridimensional que se projetando ao alto no espaço da sala permitia a exposição de fotografias e trabalhos gráficos flutuantes. Este modelo de exposição será muitas vezes imitado posteriormente. Pietro Lingeri e Cesare Cattaneo, unidos a Terragni, serão responsáveis pelas últimas obras primas deste movimento, em toda a sua significação conceptual, estrutural e simbólica. Terragni participa nestes projetos para a cidade de Roma, sendo um deles o Danteum, nunca construído, que pretendia ser uma tradução arquitetônica e metafísica da Divina Comédia, e que, se realizado, poderia teria sido a glória de Terragni e, talvez, do próprio racionalismo italiano. Ainda hoje é discutível o caráter fascista da arquitetura racionalista. Na realidade, o embate não se soluciona, visto que ao mesmo tempo em que há proximidade e intencionalidade de inserção do contexto político do período (nacionalidade, idéia de unificação), há um afastamento no que se refere à ideologia conservadora e ditatorial do regime.
 Movimento liderado por Giovanni Muzio
Principais arquitetos do Racionalismo Italiano:
Le Corbusier


Casa Del Fascio



Palazzo della Civiltà Italiana

Obras representativas do racionalismo italiano
Data
Obra
Localização
Arquitecto
1929
Casa do Fascio
1932
Palácio de Correios, via Marmorata
1934
Giovanni Michelucci
1935
Cidade Universitária (Università A Sapienza)
Roma
1936 - 1950
Roma
Marcello Piacentini
1936 - 1950
Case alte alla Foce
Luigi Carlo Danieri
1937
Jardim Infantil Sant'Elia
Como
Giuseppe Terragni
1938
Palácio dos Congressos
EUR - Roma
Adalberto Liberta
1938
Adalberto Liberta
1941
Museu da Civilização Romana
EUR - Roma
Aschieri, Bernardini, Pascoletti e Peressutti
1941
Universidade Bocconi
G. Pagano e G. Predeval
1943
Palácio da Civilização Italiana
EUR - Roma
Giovanni Guerrini, Ernesto Bruno A Padula e Mario Romano
1948
Roma
Angiolo Mazzoni

Fontes:

10 comentários:

  1. É legal ver a no racionalismo italiano, essa questão da interpretação, diria até ''abstração'' das características clássicas, juntamente com a influencia nítida do Modernismo.
    Legal o post, só daria para diminuir um pouco o texto, intercalar com algumas imagens.

    http://www.discoveryarchi.blogspot.com/

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  2. Efectivamente, os académicos de Milão defendiam uma arquitectura bastante afastada das correntes modernas...

    Safira Mônica Gatto

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  3. sugestão: colocar mais fotos, por exemplo, das obras que vcs estão citando no final do texto.
    mas o texto ficou bem bom meninas

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  4. O Racionalismo Italiano teve influências no Brasil nas obras do arquiteto Italiano Giancarlo Palanti. Na Italia fazia parte de um grupo de arquitetos racionalistas e chegou no Brasil no momento em que a cidade de São Paulo está em pleno desenvolvimento, se aproxima do casal também de italianos Lina Bo e Pietro Maria Bardi, com os quais passaria a colaborar nos projetos de desenho industrial do Studio de Arte e Arquitetura Palma e na estruturação da escola do Museu de Arte de São Paulo. Associa-se também ao arquiteto Daniele Calabi, com quem colabora no projeto do conjunto de edifícios da Casa da Infância para a Liga das Senhoras Católicas de São Paulo. É de sua autoria o conjunto formado pelos edifícios Chipre e Gibraltar e pelo Cine Belas-Artes (atual HSBC Belas-Artes), na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação.

    Referência: http://www.brazilinteriordesign.com/2010/10/perfil-giancarlo-palanti.html


    Angelica Brazzo Vargas

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  5. vocês tem a foto da Casa del Fascio, que hoje é conhecida como Casa del Popolo, e pesquisando melhor vi que se tornou um grande símbolo do racionalismo iataliano. acho que poderia ter comentado um pouco mais sobre a casa, que tem o volume em forma de cubo, que o seu projeto é feito em planta perfeitamente quadrada e a altura é a metade da base mostrando esse abandono das características neoplásticas e contrutivistas.


    Anderson Kech

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  6. Era uma busca à realidade pura, formas estéticas novas. Um exemplo é a Casa Schroder, de Rietveld, aproximando-se da arquitetura racionalista que havia se expandido, rompendo com a tendência do passado.

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  7. Impressiona a forma com que tratavam essa racionalidade com as influências do classicismo nacional, buscando essa lógica estrutural.

    Aline Dall' Bello

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  8. bem complexo o texto meninas, da pra entender bem sobre o tema, levando em consideração também os comentários acima, apesar de não ter muitas imagens, da pra entender! muito bom!


    Caroline

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  9. A maneira como o racionalismo é abordado, fugindo das formas clássicas, e partindo para formas novas e puras, é muito interessante.
    Esse rompimento com o passado, deixando mais nítida essa lógica estrutural, influenciada pelo futurismo.
    Sugestão: colocar mais imagens, intercalando estas durante o texto.

    Valentine

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  10. muito bom meninas, como a carol ja disse, bem complexo!
    parabéns
    beijo ;*

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